Pierre Balmain

terça-feira, 22 de julho de 2008 |

Nascido em Saint-Jean-de-Maurienne (1914-82), Balmain, depois de ter começado a estudar arquitetura, abre em 1945 seu salão. Com a série intitulada Jolie Madame, nome do perfume que lançou em 1949, esse consrutor rigoroso conhece, a partir de 1952, grande sucesso. Será responsável por uma das imagens mais “parisienses” da mulher: porte elegante e estrutura instaurados pelo New Look, busto bem delineado, e enfeites de linhas sinuosas, requintados e sabiamente equilibrados... A prestigiosa clientela de Balmain se revela tão amante do rigor e do luxo quanto do natural.

Paralelamente ao trabalho da alta-costura, esse brilhante chefe de empresa lança sua primeira linha de prêt-à-porter batizada com o nome de Florilège, além de perfume de sucesso como o famoso Vent Vert.




Pierre Balmain

Pierre Cardin

segunda-feira, 21 de julho de 2008 |

Nascido em 1922, San Biagio Di Callalta, próximo a Veneza, Itália, de pais franceses. Foi criadoem Saint-Étienne, na região do Loire, na França. Saiu de casa aos 17 anos, para trabalhar com um alfaiate em Vichy, onde começou a fazer taiileurs.
Em 1944, após a libertação da frança, Cardin foi para Paris, onde um ano depois passou a trabalhar com Paquin e com Schiaparelli. Conheceu Christian Bérard e Jen Cocteau; para este, fez o figurino do filme A bela e a Fera (La belle et la bête, 1946). Também trabalhou para Dior.
Em 1949, começou a fazer figurinos para teatro. Durante os sete anos seguintes, Cardin adquiriu fama como alfaiate de ternos masculinos e criador de roupas extravagantes e fantásticas. Nessa época, montou uma pequena loja de suas próprias roupas masculinas e femininas. Em 1957, fez sua primeira coleção feminina, seguida, seis anos depois, por prêt-a-porter. Ao longo da década de 50, criou casacos com bainhas drapeadas e costuras amplas, saias bolha e chemisiers desestruturados. Nos anos 60, lançou perucas coloridas feitas elas irmãs Carita.
Seus vestidos recortados; casacos que abriam a partir de golar curvas e pespontadas; e grandes bolsos chapados exerceram ampla influência na moda.
(pág 19)

Hoje
Pierre cardin é sem dúvida um dos grandes visionários da moda e sempre foi dono do próprio nariz. Em 1991, recebeu o título de embaixador da Unesco. Mas 1993 foi um ano difícil. Perdeu seu companheiro de vida e trabalho, o francês André Oliver, e acabou deixando a Chambre Syndicale de la Haute Couture. De lá para cá, a marca Cardin vem se recolhendo, embora o criador continua ativo. Mora na elegante residence Maxim’s, em Paris, vai ao trabalho todos os dias e continua a investir em teatro: em 2001, em Lacoste, no sul da França, realizou um festival de verão no teatro ao ar livre que construiu em seu castelo, que pertenceu ao marquês de Sade.
Lá ele mantém também seu museu particular, onde todo o seu acervo (incluindo croquis) é preservado. Nos últimos anos, vendeu parte do seu império, mas, plo menos enquanto viver, parece se recusar a investir em um herdeiro criativo que faça seu nome brilhar novamente.

Christian Dior

|

New look celebrizou o costureiro

De família burguesa, Dior teve criação requintada. Educou-se para ser diplomata, mas desistiu. Contra a vontade do pai, abriu uma galeria de arte em Paris, onde trabalhava com obras de amigos como Salvador Dali e Jean Cocteau. O crack de Nova York, em 1929, quebrou seu pai também. A galeria é vendida, Dior adoce e só volta à ena em 1935, como figurinista do jornal Le Figaro. Dali passa a assistente de Robert Piguet e Lucien Lelong, costureiros cujo currículo tem importância mais pela participação de Dior e Pierre Balmain do que eles mesmos.
Em 1947, torna-se independente e abre sua maison, financiado pelo esperto business man Marcel Boussac.

Foi neste ano e em apenas uma estação que Dior obteve a fama que o acompanhou até 1957, quando morreu de ataque cardíaco. O modelo era o tailleur Bar. Carmel Snow, jornalista da Harper’s Bazaar, comentou após o desfile que aquele era um autêntico new look. O termo se internacionalizou, generalizou-se e continua em uso e moderno ate hoje. Como as roupas criadas por ele.

O new look surgiu de uma sacação psicológica genial de Dior. Apesar do fim da Segunda guerra mundial, as mulheres usavam austeras roupas-uniforme. Dior entendeu que era o momento de a feminilidade vir à tona. Fez o tailleur bar, o primeiro de uma série que valorizava o luxo e partes cobiçadas do corpo de uma mulher: os ombros eram doces, a saia, muito voluma, e o busto em evidência realçava a cintura, que, de tão fina, passou a ser cintura de vespa. Simultaneamente ele lançou outra marca registrada: a aplicação de rosas de seda em acessórios e roupas.

Tudo isso foi retomado há dois anos, quando o mundo da moda se mobilizou para comemorar o 40º aniversário da Maison Dior, até hoje no nº30 da avenue Montaigne, em Paris, com paredes cinza e batentes brancos. Mas ele permanece um cult para os estilistas. Nas coleções para o próximo inverno dos brasileiros Georges Henri, maria Bonita e Andréa Saletto, por exemplo, há respectivamente um vestido da linha A um casaco trapézio (última criação de seu assistente Yves Saint Laurent antes de deixa-lo, em 1957) e um tailleur acinturado de golas amplas (de 1954).
Filho de um comerciante de fertilizantes da região do Canal da Mancha, Dior queria seguir a carreira artística como artista plástico. Foi mandado para Paris, para estudar Relações Internacionais, uma vez que seu pai queria que o jovem Christian seguisse a carreira diplomática e que pudesse administrar os negócios da família.
No caldeirão de culturas representado por Paris, o jovem não se adaptou à profissão escolhida pelo pai, e logo se viu cada vez mais dentro do ramo das artes. Começou a freqüentar ateliês de pintura e de desenho, chegando mesmo a pintar alguns quadros. Mas foi a sua habilidade para desenhar roupas que lhe conferiu destaque e fama.
Posteriormente, o seu círculo de amigos se expandiu e conheceu um importante empresário da indústria têxtil, que lhe garantiu patrocínio para a produção de algumas peças. O resultado foi bem sucedido: os seus traços e a visão que tinha do corpo feminino causaram fascínio e delírio e, em 1947 inaugurou a Mansão Dior de Alta Costura que, impulsionada pelo seu New Look, impôs uma verdadeira revolução na arte de vestir.
O New Look foi um conceito revolucionário uma vez que resgatava a feminilidade da mulher, aclama a grandiosidade da vida e da existência humana e devolvia vida às pessoas: tudo que o mundo pós-guerra necessitava. Além de causar fascínio pela sua elegância e luxo, o conceito do New Look vinha carregado de extravagância e exagero: vestidos tradicionalmente feitos com 5 metros de tecido, agora usavam até 40 metros. Isso também ajudou a repercussão do conceito permitindo encerrar a mentalidade do racionamento no pós-guerra.
Ao longo de sua carreira fez a própria tradução física dos sonhos e da fantasia humana através de seus vestidos. Atualmente nas mãos de John Galliano, a Mansão Dior permanece como ícone da alta costura mundial, fazendo jus aos ideais de seu criador.

Salvatore Ferragamo

|

Salvatore nasceu em Bonito, próximo a Nápoles, Itália. Começou muito cedo a trabalhar com um fabricante de sapatos.
Aos 16 anos juntou-se a seus irmãos na Califórnia, onde fazia à mão sapatos Américan Film Company. Esse trabalho resultou em encomendas particulares de atores e atrizes.
Em 1923, trabalhou na Universal Warner Bros e Metro Goldwyn Mayer.
Voltou em 1927 para a Itália, abrindo uma oficina em Florença. Afirma ter criado o salto anabela em 1938, solas e plataforma, o apoio de metal para os saltos altos.
Em 1927, já havia criado mais de vinte mil modelos, registrando 350 patentes.
Hoje, Salvatore Ferragamo é uma marca líder do “made in italy”, uma grande empresa que continua a ser de carácter familiar. Em 1996, a Ferragamo adquiriu o controle acionário da Emanuel Ungaro, casa de alta costura parisiense.
Em março de 1997, Bulgari, empresa líder em jóias, e Ferragamo assinaram uma joint-venture, com o objetivo de produzir e comercializar produtos de perfumaria e cosméticos em todo mundo, com suas respectivas marcas.

Hermès

|

A empresa foi fundada em 1837, quando um seleiro, Thierry Hermès, abriu uma loja em Paris onde vendia cintos com porta-moedas, botas, luvas longas e curtas.
Na década de 20, seu neto Emile começou a desenhar roupas feitas de couro. Era o principal negócio da empresa, apesar de tornar-se famosa pelos lenços de cabeça com motivos eqüestres e a bolsa Kelly, inspirada num alforge, na década de 60 recebeu este nome em homenagem à atriz Grace Kelly que a usava com freqüência.
Em julho de 1999, Jean Paul Galtier se associou à empresa.

Nina Ricci

|

Maria Nielli, nascida em 1883, na cidade de Turim, Itália.

A família Nielli mudou-se para Florença quando Nina tinha cinco anos.
Foi aprendiz em um ateliê aos treze anos, aos dezoito anos já era modelista.
Casou-se com o joalheiro Louis Ricci, aos quarenta e nove anos. Em 1932, abriu sua própria Maison na Rue dês Capucines, em Paris. O sucesso foi rápido, criando roupas clássicas elegantes e sofisticadas.

Tornou-se a figurinista preferida das mulheres maduras.
Seu filho Robert Ricci (publicitário), assumiu a administração da Maison em 1945. O lançamento do seu perfume mais célebre, “L’air du Temps”, contribuiu para fazer a fortuna da grife.
Em 1963, Robert Ricci contratou Gerard Pipart para a direção de criação da Maison. Nina Ricci faleceu em 1970.

Robert Ricci sucedeu a mãe até 1988, quando seu genro Gilbert Funchs o sucedeu, continuando com Gerard Pipart na direção da criação da Maison.





Reese de Ricci
Vestido de Olivier Theyskens para Nina Ricci


Nina Ricci

Elsa Schiaparelli

|

Estilista Italiana nascida em 1890, em Roma; estudou filosofia. Passou o início de sua vida de casada em Boston e Nova York e em 1920 mudou-se para Paris. Em 1928 abriu uma loja chamada Pour le Sport. Sua própria Maison, surgiu um ano depois (1929). Nada agradava mais Elza do que divertir, fosse sendo espirituosa, fosse chocando. Suas roupas eram elegantes, sofisticas e excêntricas, contudo possuía grande número de admiradores e clientes. Contratou artistas famosos para criarem acessórios e tecidos, como por exemplo Salvador Dali e Jean Cocteau. O cubismo e o surrealismo influenciaram suas criações. Em 1933, introduziu a manga pagode, influenciada pela moda egípcia, e os ombros largos que determinaram a moda até o New Look.
Schiaparelli lançou broches fosforescentes, botões semelhantes a pesos, adorava cadeados nos casacos, tingia peles. Desenvolveu tecidos com estampas de jornal com os quais fazia lenços e bordava signos do zodíaco em suas roupas. Criou o tom de rosa que passou a chamar “rosa choque”.
Ao fundir arte com moda, Elza Schiaparelli ofereceu as mulheres outra opção de vestir. Durante a Segunda Guerra Mundial proferiu palestras nos Estados Unidos e em 1949 abriu uma filial em Nova York. Realizou seu último desfile em 1954, falecendo em 1973.




Elsa Schiaparelli

Lucien Lelong

|

Nasceu em 1889 em Paris, França. Três anos antes de Lucien nascer, seu pai fundou uma casa de tecidos. Lucien estudou três anos em Paris na Haute Estudes Commerciales.

Fez sua primeira coleção em 1914, que foi adiada por causa de sua convocação para o exército. Após a guerra abriu seu próprio negócio, famoso pelo acabamento e qualidade dos tecidos. Foi um dos primeiros diversificadores de lingerie e meias finas.

E 1941, Christian Dior trabalhava para Lucien Lelong.

De 1937 a 1947 foi o presidente de Chambre Syndicale de Haute Couture e persuadiu os ocupantes alemães a permitir que as casas francesas de alta costura continuassem em Paris, ao invés de serem transferidas para Berlim. Com seus esforços, 92 ateliês permaneceram abertos durante a guerra.

Em 1947, Lelong lançou vestidos esguios, bainhas de pregas de comandas e de odaliscas, costumes com cinturas de vespas, casaquinhos do tipo fraque e ombros quadrados.
Sua segunda mulher, a princesa Natalie Paley, filha do Grão Duque Paulo da Rússia, era famosa por sua beleza e vestia-se com modelos do marido.






Madeline Vionnet

|

Estilista. Nacida em 1876, Aubervilliers, França. Ainda bem nova, foi aprendiz de uma costureira. Trabalhou nos subúrbios de Paris no final da adolescência, antes de ir para Londres trabalhar com Kate O’Reilly, uma costureira, por volta de 1897. Em 1901, retornou a Paris e foi contratada por Mme.Gerber, a sócia-estilista da Callot Souers. Madeleine ingressou na Doucet em 1907, ali permanecendo durante cinco anos.

Em 1912, abriu sua própria maison, que fechou as portas durante a Primeira Guerra Mundial, reabrindo-a pouco depois.

A preferida das atrizes do pré-guerra Eve Lavallière e Rèjane, mostrou-se uma das estilistas mais inovadoras da sua época. Concebia seus modelos num manequim-miniatura, drapeando o tecido em dobras sinosas. Mestra do corte enviesado, encomendava seus tecidos, quase dois metros mais largos, para esculpir seus drapeados.
descartou o espartilho, usou costuras diagonais e bainha aberta, afim de obter formas helênicas simples.

No final da década de 20 e no início da de 30, Madeleine atingiu o ápice da fama. Atribuiu-se a ela a divulgação da gola capuz e da frente-única.

Preferia o crepe e o crepe-da-china, a gabardina e o cetim para vestidos toalete e modelos diurnos, que eram geralmente cortados numa peça interiça, sem cavas.

Os tailleurs possuíam saias nesgadas ou enviesadas. Os casacos envelopes contavam com abotoamento lateral, e muitas peças eram abotoadas atrás ou, então, vestidas pela cabeça sem abotoamento algum. Tiras de gorgorão costumavam servir de forro ou suporte para a parte interna de vestidos de crepe fino. Madeleine usava tecidos listrados, mas não era colorista. Forma e caimento suaves eram seus objetivos para conseguir o máximo em estilismo: um vestido que se amoldava com perfeição ao corpo. Nenhum outro igualou sua contribuição técnica à alta-costura. Madeleine Vionnet aposentou-se em 1939, vindo a falecer em 1975.






Gabrielle Coco Chanel

|

Mulher ousada e ranzinza

Nascida em 1883 em Samur, França. Gabrielle “Coco” Chanel foi criança pobre, jovem ousada e talentosa, mulher voraz e caprichosa, e velha ranzinza. Mesmo aos 87 anos – quando morreu em 1972 no apartamento do hotel Ritz, onde morava em Paris, sozinha e evitava até seus poucos amigos (se é que ela ainda tinha algum) – não gostava de ser tratada a não ser por mademoiselle. Este era um dos caprichos que, somados a seu famoso estilo e sua lendárias mentiras, a tornaram famosa.

Ela foi criadora de alguns itens clássicos e eternos da moda:
-correntes de ouro e pérolas em profusão (tudo falso)
-corte de cabelo e franja reto (famosinho Chanel)
- Sapato bicolor
- gola marinheiro- bolsa de matelassê com corrente dourada
- vestido preto (que ela adotou como luto mas acabou virando a salvação de qualquer mulher que se pretende elegante)
- tailler
- nº5, o perfume

Dos estilistas homens, costumava dizer que não poderiam tornar bela a mulher que eles odiavam. Para ela Yves Saint Laurent só era bom porque tivera coragem de “copiá-la”.

Coco foi amante de pelo menos cinco homens, entre eles o Duque de Westminster. Entre tantas histórias que se contam sobre ela, a mais nova (biográfica e, ao que parece, verdadeira) é o livro Coco Chanel (Belfond, 235 pp.), o segundo de Marcel Haedrich, que foi lançado na França em 2006. Confiram!!!

Conheça a verdadeira Maison Chanel

Gabrielle “Coco” Chanel (1883-1971) costumava dizer que em 1919 acordou famosa. Naquela época, ela alugava o nº21 da rue Cambon para comercializar seus chapéus e estava prestes a adquiri certos vizinhos. Uma construção do séc. XVIII onde estabeleceu seus domínios particulares. Em 1921, lançou ali o Chanel n5, o primeiro perfume assinado por um estilista e ainda hoje um best-seller.
Solitária, ela já morava em uma suíte no elegante hotel Hitz, bem na frente de seu QG. Quando sua reforma do n31 ficou pronta, todos os dias, depois que seu último funcionário saía, ela subia a escada forrada de carpete bege, apoiada no corrimão de ferro, para relaxar nos novos aposentos, onde recebia amigos como os diretores Jean Cocteau e Serge Diaghilev, os artistas Salvador Dali e Picasso e algumas poucas clientes, como Marlene Dietrich, a grande amiga Misia Sert e a mítica editora de moda Diana Vreeland. O apartamento não é aberto ao público, mas acrescentaria muito aos habitantes do planeta fashion se fosse transformado em uma galeria Chanel.

Para madeimoselle Chanel, excessos e uma certa desordem eram aceitáveis em casa, mas absolutamente desnecessários na roupa. Intacto até hoje, preservado como obra de arte trancada a sete chaves e permanente fonte de inspiração para o atual estilista da marca, o alemão Karl Lagerfeld, o apartamento de Chanel tem apenas quatro dependências – todas demasiadamente decoradas. “Não é das casas que eu gosto, é da vida que eu vivo nelas” dizia.

Chanel gostava de ter seus livros à mão (“são minha única companhia”) e, apesar dos muitos amigos pintores, não tinha quadros: para admira-los, era obrigada a pôr óculos.

O retorno de Chanel

Mantendo-se em desdenhoso silêncio atrás das cortinas de sua maison, cerradas em 1939, Gabrielle Chanel espera sua hora, que chega em 1954.
Com mais de setenta anos, Mademoiselle reabre a maison e apresenta em 5 de fevereiro, diante de uma platéia cética, uma coleção em que aposta tudo ou nada. sua fortuna está feita, mas um fracasso poria em perigo os perfumes, que constituem uma fonte de lucros imensos.
Com a idade em que os outros estão se aposentando, a corajosa órfã anda não pronunciou a ultima palavra. Sobre as bases antigas de seu dogma, ela impõe o famoso tailleur com guarnições trançadas, além de correntes de ouro, blusas combinadas com o forro do casaco, botões com iniciais, tweeds macios, jóias-fantasias cintilantes, lenço de seda preta para guarnecer o pescoço, camélia de tcido branco, chapéu canotier (de abas lisas e estreitas), prendedor ou fita para rabos-de-cavalo, bolsa a tiracolo em matelassê, escarpim bege com ponta escura... Toda uma concepção que será adotada, copiada, desvirtuada por milhares de mulheres do mundo. Jamais, no entanto, uma imitação chegará perto do original. o que não impede Chanel, por seu lado, de produzir vestidos de noite fascinantes em sua simplicidade. Quando sua fundadora morre, a maison Chanel, contra todas as expectativas, volta a ser uma das mais influentes e poderosas da praça de Paris.

Destino único para um nome que, com grande traquejo, soube sempre adaptar seus códigos estéticos às variações constantes do gosto.








Chanel no Acho-Chic
Chanel

Jeanne Lanvin

segunda-feira, 16 de junho de 2008 |

A história de Jeanne Lanvin, humilde modista, parece um conto.

Silenciosa, extremamente magra, modesta, essa parisiense nasceu em 1867. Trabalhando com guarnições para chapéus, ela se estabelece em 1885. Para sua filha, que nasce doze anos mais tarde, Jeanne passa a criar um guarda-roupa tão encantador que logo chama a atenção de suas ricas clientes. Bem depressa, elas estarão encomendado-lhe modelos iguais para as próprias filhas. Dos vestidos das filhas para os das mães foi apenas um passo. O nome de Lanvin, desde 1901, aparece no anuário da moda. É a ela que também será encomendada a farda verde de Edmond Rostand. O primeiro de uma longa lista de acadêmicos que vão colocar-se em suas mãos, embora Jeanne jamais se tenha deixado embriagar pelo sucesso.

Em 1902, o ornamentista e arquiteto de interiores Armand-Albert Rateau faz a decoração da maison Lanvin. Situada número 15 e no 22 bem em frente, ela abastece. No entre-guerras, mulheres de alta burguesia, em geral antigas e fiéis clientes, e alguns dos mais ilustres nomes europeus. Para mulheres de elegância clássica, madame Lanvin soube criar um estilo original sem ser chamativo. Sua sensibilidade é a do seu tempo.
Desenvolve um refinamento excepcional na confecção de entrelaçamento em passamanaria, de bordados de difícil execução e ornamentos de pérolas com harmoniosos motivos florais leves e suaves.

Lanvin faz desses trabalhos sua especialidade.

Dividida em 23 ateliês, a maison emprega, em 1925, mais de oitocentas operárias. As quais se somam as empregadas dos diversos departamentos: o do “sob medida”, o da roupa esporte, o da peleteria, o da lingerie, em seguida o da moda masculina, e finalmente uma butique de decoração cuja direção Rateau assume durante certo tempo. A partir de 1923, o império constituído por Jeanne Lanvin inclui uma fábrica de tintas. Nela, elaboram-se cores cuidadosamente estudadas, sutis e originais que fazem a reputação da “Paleta Lanvin”. Em 1925, quando, como vice-presidente do pavilhão da Elegância, ela participa ativamente da memorável exposição universal das Artes Decorativas, é lançado com sua grife o My Sin, seu primeiro perfume. De saída, ele conquista os Estados Unidos. Segue-se Arpère, lançado em 1927, cujo frasco, uma bola negra, mostra a sigla dourada que representa, em estilização de Paul Iribe, uma mãe segurando a mão da filha.

Além da profissão que soube levar ao mais alto grau de perfeição, a grande paixão de Jeanne Lanvin, seu amuleto da sorte, será, até o fim da grande vida em 1946, quando morre aos 79 anos, sua filha única: Marie-Blanche. Pianista virtuosa, foram suas escalas que inspiraram o nome do perfume fetiche da maison da qual foi a primeira cliente. Tornada condessa de Polignac, assumirá sua direção no decorrer dos anos 50.
Lanvin é um negócio de mulheres.




Jeanne Lanvin